Um olhar sobre factos impossíveis de ignorar


A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha chamou há já alguns meses a atenção para alguns números que me fizeram arrepios. Este relatório fez-me, mais uma vez, pensar no quanto é importante a ajuda de todos, na denúncia e tomada de acções para alterar este tipo de situações.


Várias vezes evoco a seguinte fábula;
Era uma vez um Beija-Flor que fugia de um incêndio juntamente com todos os animais de uma floresta. Só que o Beija-Flor fazia uma coisa diferente, apanhava gotas de água de um lago e atirava-as para o fogo. Um outro animal, intrigado perguntou "Beija-Flor, achas que vais apagar o incêndio com estas gotas?"- "Com certeza que não", respondeu o Beija-Flor, “mas estou a fazer a minha parte".

Pois é, acredito que cada um de nós possa apagar incêndios nem que seja numa ínfima parte, podemos denunciar e dar a conhecer algumas situações, comportamentos e modelos que pensamos serem menos certos para o desenvolvimento económico, social ou até ambiental, podemos participar em acções de motivação ecológica e de desenvolvimento social e tantas outras actividades.
É pouco, muito pouco, mas é alguma coisa.

Segundo o referido relatório, existem 2.600 milhões de pessoas (cerca de 40% da população mundial) que vive com menos de 2$ por dia.
50.000 pessoas por dia, morrem como resultado directo e indirecto da pobreza.

250 milhões de pessoas são afectadas em cada ano por catástrofes naturais relacionadas com o clima e 98% dessas pessoas pertencem a países em desenvolvimento ou em vias de desenvolvimento.

Neste momento 1.000 milhões de pessoas vivem em bairros pobres que rodeiam grandes cidades e estima-se que em 2030 sejam 4.000 milhões, na altura, cerca de 60% da população mundial.

Quase 1.000 milhões de pessoas têm fome neste momento, e a cada dia que passa morrem 16.000 crianças com fome ou de causas relacionadas com a má nutrição.
Uma criança morre em cada 5 segundos.
2.600 milhões de pessoas não têm saneamento básico adequado e também por isso nos últimos 10 anos morreram mais crianças devido a diarreias do que a soma de todos os mortos resultantes de todos os conflitos armados desde 1946.
Todos os anos a malária afecta 500 milhões de pessoas sendo que morrem por dia devido à malária cerca de 3.000 crianças.




Hoje, há no mundo 42 milhões de pessoas contaminadas com SIDA e morrem 8.000 por dia, sendo as crianças de África as mais afectadas.
Estes números, e o seu peso, obrigam-nos a contribuir para mudar os modelos de “desenvolvimento” em vigor, temos de encontrar novos formas de energia limpa, utilizar a água de uma forma mais racional e aceitar uma distribuição das populações com mais humanismo e menos xenofobia.

Se não fizermos um esforço para inverter este estado de coisas corremos o risco de sermos arrastados por uma vaga de destruição que nos fará perder muito do que já foi conquistado, diz o apelo feito pela Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha.
Luís Barbosa, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, finaliza um artigo dizendo: “Este é o nosso mundo, discuti-lo, imaginando-o diferente, é que nos faz falta. É a humanidade que o exige”.

Eu acrescentaria que não basta imaginá-lo diferente, podemos fazer um mundo diferente todos os dias. Podemos denunciar e ter comportamentos coerentes com esta vontade e educar os nossos filhos e os nossos jovens de uma forma diferente e inteligente.

Paulo Espírito Santo, Coach e formador LIFE Training

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