O corpo como criador de flexibilidade mental


Bailarinas desenhadas em cavernas entendidas como milenares talvez seja um bom indicador que mexer o corpo é importante. Muitos autores dedicam-se ao estudo da ligação entre a linguagem corporal com linguagem do pensamento, isto é, à ligação entre o que fazemos com o corpo e aquilo que fazemos com o nosso cérebro.

Um dos mais acutilantes será, no meu ponto de vista, José Ângelo Gaiarsa, escritor do livro "Organização das Posições e Movimentos Corporais" onde de forma clara e detalhada demonstra aquilo que será o movimento estudado e o movimento natural.

Esta temática assume um interesse maior, quando sabemos de forma experienciada que o que fazemos com o nosso corpo nos permite um estado de espírito específico e mais ou menos potenciador ao resultado que pretendemos.

Tenho dedicado algum do meu tempo a estudar e a treinar formas de flexibilizar a linguagem corporal, ao mesmo tempo reconhecendo os diferentes estados emocionais a que acedo quando um ou outro movimento é realizado.
J. A. Gaiarsa, em algumas entrevistas, atribui mesmo muita responsabilidade à capacidade do indivíduo se mexer e como se mexe, pois ele cria uma analogia perfeita e densa entre a flexibilidade física e a flexibilidade mental, dizendo "A gente só consegue mexer com as ideias na cabeça da mesma forma e na mesma medida que a gente consegue mexer os objetos com as mãos. Quem nunca juntou nada não pode saber o que é juntar, quem nunca separou nada não pode saber o que é separar, então existe uma ligação profundíssima entre a versatilidade dos movimentos e a versatilidade da inteligência".

Quantos treinam diariamente o movimento no seu corpo? Quantos reconhecem os movimentos básicos? Talvez esta nova forma de olhar para uma das "ferramentas" mais poderosas de todo o sistema seja muito nova, até porque a maior parte de nós é preparado para estar quieto desde de muito cedo. Aprendemos a ficar parados e não mexer. Segundo o mesmo autor a proposta poderá ser bem diferente e com isso criar resultados, também eles bem diferentes "a criança tem que ser irrequieta pois está a aprender a trabalhar com a máquina neuro mecânica mais complexa do universo conhecido…".

Começar uma nova atitude perante o nosso corpo pode significar sair da nossa zona de conforto, do nosso lugar seguro e também, acredito eu, aumentar a nossa flexibilidade. Assim, poderá começar por mudanças pequenas, como a forma como se senta, sorrir mais num dia e lentamente começar a mexer mais o seu corpo, com exercício físico. Quem sabe começar a dançar todos os dias? Deixe os seus braços cair e chegar a lugares antes não existentes, leve a sua cabeça relaxada para além do que até agora imagina e deixe que as suas pernas se transformem em raízes de árvores, experienciando, quem sabe, certeza e força!

"Dance como quem dança quando ninguém vê..."

Lígia Ramos, empreendedora, criativa, formadora da LIFE Training e especialista em GRH

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